O Tour de France chega hoje ao seu 1º dia de descanso, após
10 dias na estrada. Com altos e baixos, surpresas e desilusões, vitoriosos e
perdedores, o Tour já deu muito que falar nesta primeira parte da prova. De
Wiggins a Evans, de Sagan a Cavendish, analisámos as principais figuras da 1ª
metade do Tour e vemos quem está on fire
e quem está ice cold.
Quente
Wiggins & Froome
O duo britânico da Sky tem dominado a concorrência ao longo
da semana. 2º e 11º no prólogo, 3º e 1º na etapa de chegada em alto e 1º e 2º
no CRI, os dois ciclistas tem se mostrado a um elevado nível na 1ª metade do
Tour. Wiggins lidera a classificação geral e não fosse a queda na 1ª etapa que o fez perder 1’25, Froome estaria sentado
confortavelmente no 2º lugar da CG atrás do seu líder.
Peter Sagan
Que dizer da performance do mais jovem superstar do ciclismo
(apenas 22 anos) no seu Tour inaugural? 3 vitórias, um 6º e um 5º lugar. Se não
fosse pelo seu deslize no prólogo e a queda na 5ª etapa, estaríamos muito
provavelmente a olhar para 7 top10 nas primeiras 7 etapas. Mais a camisola
verde que é cada vez mais provável que venha a manter até Paris, Peter Sagan é
simplesmente fantástico. E eu já referi que Sagan tem apenas 22 anos e este é o
seu primeiro Tour? Incrível!
Fabian Cancellara
Volvidos oito anos da sua primeira vitória no Tour, Fabian
Cancellara voltou a vencer um prólogo na Grande
Boucle e a vestir a camisola amarela. Cancellara manteve a amarela até à 7ª
etapa, batendo pelo meio o recorde de dias de amarelo para um ciclista que
nunca venceu a Volta à França, e esteve em destaque em mais três etapas com um
2º, um 3º e um 4º lugar.
Andre Greipel
O gorila germânico da Lotto Belisol, nas quatro etapas que
lutou pela vitória, alcançou dois 2º lugares e duas vitórias, resultados quase
perfeitos. Greipel goza do seu melhor Tour até agora e a excelente forma
apresentada na 1ª semana é um bom sinal para os Jogos Olímpicos.
Thibaut Pinot
O mais jovem ciclista do pelotão, apenas alguns meses mais
novo do que Peter Sagan, esteve quase para não vir ao Tour. Mas os seus bons
resultados no Tour de Suisse (um 5º e um 6º lugar em 2 etapas de montanha) e a
sua insistência junto de Marc Madiot, levaram o diretor da FDJ a decidir
incluir o jovem francês na equipa. E Madiot não se arrependeu. Pinot brilhou
nas duas etapas de montanha, com um 15º lugar na 7ª etapa e a vitória na 8ª
etapa, dando a primeira vitória à França nesta edição.
Rui Costa
Podemos ser acusados de nacionalismo, mas quem olhar à
classificação geral do Rui Costa não pode deixar de congratular o ciclista
português. Numa Movistar onde se insere 2 vencedores da Vuelta, o facto de o
Rui ser o ciclista dentro da equipa melhor posicionado na geral, e com uma
larga vantagem, é de louvar. As performances sólidas nas etapas do
fim-de-semana e no CRI garantem-lhe para já o 11º posto. O Rui Costa é o
primeiro ciclista português desde José Azevedo em 2004, que nos faz sonhar com
um top10 no Tour de France.
Morno
O percurso
É verdade que a ASO tentou incluir algumas variações nas
etapas ao sprint, principalmente com inclusões de pequenas subidas para a meta
(dominadas por Peter Sagan), a estreia da La Planche des Belles Filles foi um
sucesso e a etapa de Domingo trouxe muita ação e emoção. Mas se retirarmos a
óbvia emoção da disputa final da etapa, as primeiras 6 etapas foram aborrecidas
quase na sua totalidade. E quando no final da etapa são as quedas que ocupam as
manchetes, não é nada bom sinal para a organização. Espera-se uma 2ª metade do
Tour com um percurso mais cativante.
Cadel Evans
Dois 6º e dois 2º lugares em etapas e o 2º na CG indicam, à
partida, uma grande 1ª metade do Tour. Quem não desejaria resultados como
estes? Mas é Cadel Evans de quem falamos, o vencedor do Tour de France 2011.
Nas etapas importantes do fim-de-semana, Evans não conseguiu por em
dificuldades Bradley Wiggins e no CRI perdeu 1’43 para o seu principal rival.
Ainda falta muito Tour, mas certamente que Evans não tinha como objetivo chegar
ao 1º dia de descanso com quase 2 minutos de atraso para Wiggins.
Mark Cavendish
Uma vitória numa etapa do Tour é o sonho de muitos
ciclistas, mas para Mark Cavendish sabe a pouco. Um 1º e um 5º lugar em 4
etapas discutidas ao sprint é pouco para o campeão do mundo e vencedor da
última camisola verde. As quedas e a falta de uma equipa dedicada podem
explicar um pouco a situação, mas Cav não pode estar satisfeito com o seu Tour.
Existem ainda 3 a 4 etapas para se redimir, isto se não abandonar antes.
Matthew Goss
Um 2º, dois 3º e um 4º lugar mostra uma consistência
incrível. Mas nem Matthew Goss nem a sua equipa Orica GreenEdge estão à procura
de consistência, estão sim à procura de vitórias. E nesse aspeto Goss tem
falhado, não só no Tour, mas ao longo de toda a temporada (apenas uma vitoria individual
em etapa no Giro). Matthew Goss necessita de quebrar esta série não vitoriosa
ou arrisca-se a chegar em Paris com mais um 2º lugar, desta vez na
classificação por pontos.
Saxo Bank - Tinkoff Bank
As expetativas para o Tour já não eram altas antes do início
da prova, mas ainda impressiona ver uma equipa com o estatuto da Saxo Bank
lutar por migalhas. Michael Morkov ainda deu algum espetáculo ao ingressar em 3
fugas consecutivas e com isso manter a camisola das bolinhas nos seus ombros
durante 6 dias, mas JJ Haedo não tem impressionado nos sprints e Chris Anker
Sorensen esteve apagado nas duas etapas do fim-de-semana. Espera-se melhor na
2ª metade do Tour.
Frio
As quedas
Tal como tinha acontecido no ano passado, as quedas marcaram
pela negativa a 1ª semana do Tour. Não havia um dia em que as quedas não
marcavam presença e as suas consequências vão desde retirar homens da luta pela
etapa (Mark Cavendish que o diga) a equipas destroçadas a meio, desde
aspirações pela classificação geral aniquiladas a presenças nos JO
comprometidas. A lista de abandonos, todas resultantes das quedas, situa-se
neste momento em 21 ciclistas. Lamentável.
Levi Leipheimer
Leipheimer prometia lutar pelo top5 neste Tour depois de
boas performances ao longo do ano, com a vitória no Tour de San Luis, um 6º
lugar na CG do Tour of California e um 3º lugar na CG do Tour de Suisse.
Contudo, o Tour tem sido péssimo para o americano desde o km zero. 80º no
prologo a mais de 20 segundos de Wiggins e 17 segundos perdidos para os
favoritos na 1ª etapa eram um mau prenúncio. 3’11 perdidos no Sábado, ’59 no
Domingo e 3’47 na Segunda-Feira marcam uma semana para esquecer. Leipheimer
está agora a mais de 8 minutos e meio de Wiggins e as suas aspirações a um bom
resultado estão praticamente perdidas.
Tony Martin
Não se pode pôr muitas culpas em cima do campeão do mundo de
contrarrelógio, mas este é um Tour para esquecer para o ciclista germânico.
Depois de um problema mecânico lhe ter tirado da luta pela vitória no prólogo,
uma queda na 1ª etapa obrigou-lhe a correr com dores e uma fratura no pulso
esquerdo durante as restantes etapas. No contrarrelógio individual de
segunda-feira mais um problema mecânico, tendo terminado fora do top10. Tony
Martin abandona o Tour no 1º dia de descanso, na tentativa de recuperar na
totalidade para os JO.
Mark Renshaw
Mark Renshaw era, em anos anteriores, classificado como o
melhor lançador da atualidade. Este ano, Renshaw progrediu de lançador para
sprinter na sua nova equipa, a Rabobank, e as expetativas eram altas. Mas, o
ano não tem corrido da melhor maneira para o australiano (apenas uma vitória no
Tour of Turkey) e o Tour continua pelos maus caminhos. Ver Renshaw a discutir
uma etapa é quase uma miragem, com apenas um 9º lugar até agora. Muito pouco
para um ciclista desta qualidade.
Garmin
Depois do seu estrondoso sucesso no Giro d’Italia com Ryder
Hesjedal a vencer a prova de 3 semanas, era com muitas expetativas que se
seguia o canadiano e os seus companheiros. Mas a equipa da Garmin tem sido a
equipa mais prejudicada pelas várias quedas ao longo das etapas. Os seus dois
principais ciclistas para a luta na CG estão de fora do Tour, Ryder Hesjedal e
Tom Danielson, e Tyler Farrar ainda só conseguiu disputar um sprint, logo o
primeiro tendo feito apenas 10º, e dificilmente irá disputar outro. Hunter
também já abandonou enquanto David Millar e David Zabriskie desapontaram ambos
no CRI. O único ponto alto da Garmin foi a fuga de David Zabriskie na etapa 6,
que resistiu até à entrada no último km. 10 dias terríveis para a equipa
americana.
muito legal a matéria, parabéns ao Editor.
ResponderEliminarAlessi Bravin - maringá - pr
Obrigado :)
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