Comunicação

O nosso email: pontonodesporto@hotmail.com

terça-feira, 10 de julho de 2012

Barómetro do Tour: 1º dia de descanso


O Tour de France chega hoje ao seu 1º dia de descanso, após 10 dias na estrada. Com altos e baixos, surpresas e desilusões, vitoriosos e perdedores, o Tour já deu muito que falar nesta primeira parte da prova. De Wiggins a Evans, de Sagan a Cavendish, analisámos as principais figuras da 1ª metade do Tour e vemos quem está on fire e quem está ice cold.


Quente



Wiggins & Froome


O duo britânico da Sky tem dominado a concorrência ao longo da semana. 2º e 11º no prólogo, 3º e 1º na etapa de chegada em alto e 1º e 2º no CRI, os dois ciclistas tem se mostrado a um elevado nível na 1ª metade do Tour. Wiggins lidera a classificação geral e não fosse a queda na 1ª etapa que o fez perder 1’25, Froome estaria sentado confortavelmente no 2º lugar da CG atrás do seu líder.

Peter Sagan


Que dizer da performance do mais jovem superstar do ciclismo (apenas 22 anos) no seu Tour inaugural? 3 vitórias, um 6º e um 5º lugar. Se não fosse pelo seu deslize no prólogo e a queda na 5ª etapa, estaríamos muito provavelmente a olhar para 7 top10 nas primeiras 7 etapas. Mais a camisola verde que é cada vez mais provável que venha a manter até Paris, Peter Sagan é simplesmente fantástico. E eu já referi que Sagan tem apenas 22 anos e este é o seu primeiro Tour? Incrível!

Fabian Cancellara

 
Volvidos oito anos da sua primeira vitória no Tour, Fabian Cancellara voltou a vencer um prólogo na Grande Boucle e a vestir a camisola amarela. Cancellara manteve a amarela até à 7ª etapa, batendo pelo meio o recorde de dias de amarelo para um ciclista que nunca venceu a Volta à França, e esteve em destaque em mais três etapas com um 2º, um 3º e um 4º lugar.

Andre Greipel


O gorila germânico da Lotto Belisol, nas quatro etapas que lutou pela vitória, alcançou dois 2º lugares e duas vitórias, resultados quase perfeitos. Greipel goza do seu melhor Tour até agora e a excelente forma apresentada na 1ª semana é um bom sinal para os Jogos Olímpicos.

Thibaut Pinot


O mais jovem ciclista do pelotão, apenas alguns meses mais novo do que Peter Sagan, esteve quase para não vir ao Tour. Mas os seus bons resultados no Tour de Suisse (um 5º e um 6º lugar em 2 etapas de montanha) e a sua insistência junto de Marc Madiot, levaram o diretor da FDJ a decidir incluir o jovem francês na equipa. E Madiot não se arrependeu. Pinot brilhou nas duas etapas de montanha, com um 15º lugar na 7ª etapa e a vitória na 8ª etapa, dando a primeira vitória à França nesta edição.

Rui Costa


Podemos ser acusados de nacionalismo, mas quem olhar à classificação geral do Rui Costa não pode deixar de congratular o ciclista português. Numa Movistar onde se insere 2 vencedores da Vuelta, o facto de o Rui ser o ciclista dentro da equipa melhor posicionado na geral, e com uma larga vantagem, é de louvar. As performances sólidas nas etapas do fim-de-semana e no CRI garantem-lhe para já o 11º posto. O Rui Costa é o primeiro ciclista português desde José Azevedo em 2004, que nos faz sonhar com um top10 no Tour de France.


Morno



O percurso


É verdade que a ASO tentou incluir algumas variações nas etapas ao sprint, principalmente com inclusões de pequenas subidas para a meta (dominadas por Peter Sagan), a estreia da La Planche des Belles Filles foi um sucesso e a etapa de Domingo trouxe muita ação e emoção. Mas se retirarmos a óbvia emoção da disputa final da etapa, as primeiras 6 etapas foram aborrecidas quase na sua totalidade. E quando no final da etapa são as quedas que ocupam as manchetes, não é nada bom sinal para a organização. Espera-se uma 2ª metade do Tour com um percurso mais cativante.

Cadel Evans


Dois 6º e dois 2º lugares em etapas e o 2º na CG indicam, à partida, uma grande 1ª metade do Tour. Quem não desejaria resultados como estes? Mas é Cadel Evans de quem falamos, o vencedor do Tour de France 2011. Nas etapas importantes do fim-de-semana, Evans não conseguiu por em dificuldades Bradley Wiggins e no CRI perdeu 1’43 para o seu principal rival. Ainda falta muito Tour, mas certamente que Evans não tinha como objetivo chegar ao 1º dia de descanso com quase 2 minutos de atraso para Wiggins.

Mark Cavendish


Uma vitória numa etapa do Tour é o sonho de muitos ciclistas, mas para Mark Cavendish sabe a pouco. Um 1º e um 5º lugar em 4 etapas discutidas ao sprint é pouco para o campeão do mundo e vencedor da última camisola verde. As quedas e a falta de uma equipa dedicada podem explicar um pouco a situação, mas Cav não pode estar satisfeito com o seu Tour. Existem ainda 3 a 4 etapas para se redimir, isto se não abandonar antes.

Matthew Goss


Um 2º, dois 3º e um 4º lugar mostra uma consistência incrível. Mas nem Matthew Goss nem a sua equipa Orica GreenEdge estão à procura de consistência, estão sim à procura de vitórias. E nesse aspeto Goss tem falhado, não só no Tour, mas ao longo de toda a temporada (apenas uma vitoria individual em etapa no Giro). Matthew Goss necessita de quebrar esta série não vitoriosa ou arrisca-se a chegar em Paris com mais um 2º lugar, desta vez na classificação por pontos.

Saxo Bank - Tinkoff Bank


As expetativas para o Tour já não eram altas antes do início da prova, mas ainda impressiona ver uma equipa com o estatuto da Saxo Bank lutar por migalhas. Michael Morkov ainda deu algum espetáculo ao ingressar em 3 fugas consecutivas e com isso manter a camisola das bolinhas nos seus ombros durante 6 dias, mas JJ Haedo não tem impressionado nos sprints e Chris Anker Sorensen esteve apagado nas duas etapas do fim-de-semana. Espera-se melhor na 2ª metade do Tour.


Frio



As quedas


Tal como tinha acontecido no ano passado, as quedas marcaram pela negativa a 1ª semana do Tour. Não havia um dia em que as quedas não marcavam presença e as suas consequências vão desde retirar homens da luta pela etapa (Mark Cavendish que o diga) a equipas destroçadas a meio, desde aspirações pela classificação geral aniquiladas a presenças nos JO comprometidas. A lista de abandonos, todas resultantes das quedas, situa-se neste momento em 21 ciclistas. Lamentável.

Levi Leipheimer


Leipheimer prometia lutar pelo top5 neste Tour depois de boas performances ao longo do ano, com a vitória no Tour de San Luis, um 6º lugar na CG do Tour of California e um 3º lugar na CG do Tour de Suisse. Contudo, o Tour tem sido péssimo para o americano desde o km zero. 80º no prologo a mais de 20 segundos de Wiggins e 17 segundos perdidos para os favoritos na 1ª etapa eram um mau prenúncio. 3’11 perdidos no Sábado, ’59 no Domingo e 3’47 na Segunda-Feira marcam uma semana para esquecer. Leipheimer está agora a mais de 8 minutos e meio de Wiggins e as suas aspirações a um bom resultado estão praticamente perdidas.

Tony Martin


Não se pode pôr muitas culpas em cima do campeão do mundo de contrarrelógio, mas este é um Tour para esquecer para o ciclista germânico. Depois de um problema mecânico lhe ter tirado da luta pela vitória no prólogo, uma queda na 1ª etapa obrigou-lhe a correr com dores e uma fratura no pulso esquerdo durante as restantes etapas. No contrarrelógio individual de segunda-feira mais um problema mecânico, tendo terminado fora do top10. Tony Martin abandona o Tour no 1º dia de descanso, na tentativa de recuperar na totalidade para os JO.

Mark Renshaw


Mark Renshaw era, em anos anteriores, classificado como o melhor lançador da atualidade. Este ano, Renshaw progrediu de lançador para sprinter na sua nova equipa, a Rabobank, e as expetativas eram altas. Mas, o ano não tem corrido da melhor maneira para o australiano (apenas uma vitória no Tour of Turkey) e o Tour continua pelos maus caminhos. Ver Renshaw a discutir uma etapa é quase uma miragem, com apenas um 9º lugar até agora. Muito pouco para um ciclista desta qualidade.

Garmin


Depois do seu estrondoso sucesso no Giro d’Italia com Ryder Hesjedal a vencer a prova de 3 semanas, era com muitas expetativas que se seguia o canadiano e os seus companheiros. Mas a equipa da Garmin tem sido a equipa mais prejudicada pelas várias quedas ao longo das etapas. Os seus dois principais ciclistas para a luta na CG estão de fora do Tour, Ryder Hesjedal e Tom Danielson, e Tyler Farrar ainda só conseguiu disputar um sprint, logo o primeiro tendo feito apenas 10º, e dificilmente irá disputar outro. Hunter também já abandonou enquanto David Millar e David Zabriskie desapontaram ambos no CRI. O único ponto alto da Garmin foi a fuga de David Zabriskie na etapa 6, que resistiu até à entrada no último km. 10 dias terríveis para a equipa americana.

2 comentários: