Dizia Albert Einstein, que vivia com 1% de trabalho e 99% de
imaginação. Vendo o Barcelona jogar, parecem-me, os pequenos génios da
Catalunha, a metáfora humana perfeita para a frase do também génio alemão.
Assim, Einstein e o Barcelona, parecem ter mais coisas em comum do que se
imagina. Além da genialidade, cada um na sua função, o método: é lógico que o
físico trabalhava. E muito. E os jogadores do Barcelona também trabalham,
trabalham no duro. Mas, a imaginação que emprestam ao que fazem, à sua função,
passa para nós a ideia de que não lhes custa. São apaixonados (Einstein era,
claro). E quando trabalhamos com prazer, quando fazemos o que gostamos, todo o
esforço é gratificante.
O Barcelona apresentou-se hoje em Camp Nou igual a si mesmo.
Se não soubéssemos que Guardiola saíra do clube, ninguém o pensaria. A equipa
continua com a mesma filosofia, o que aliás, seria sempre expectável. Ainda não
é possível vislumbrar grandes diferenças com Tito, pelo menos é a primeira
impressão que tenho. Guardiola é e será sempre uma lenda em Barcelona, pelo que
conquistou e pela forma como o fez. Mas o clube tem uma identidade muito
própria, que muito dificilmente algum dia abandonará. Se um mero adepto de
futebol sabe disto, que dizer de Mourinho…
“Mou” sabia que ia encontrar o mesmo adversário da época
passada. Sabia que ia encontrar a mesma forma paciente de jogar, o mesmo
“carrossel”, a mesma “fome de bola”, a mesma pressão. E por isso montou a sua
equipa como quase todas se montam frente à, diz o povo, melhor equipa do mundo.
A grande diferença é que estamos a falar do Real Madrid, e de Mourinho. Em
transição, são fortíssimos. E criaram perigo assim.
A primeira parte foi desequilibrada. Em termos de posse, em
termos de querer jogar. Estratégia de Mourinho? Talvez. Talvez o Real quisesse
mesmo aguentar-se os primeiros 45’, e atacar forte o início da 2ª parte. E
chegou ao golo assim. Grande cabeçada de Ronaldo, e Mascherano mal na
fotografia. Mas os primeiros 45 minutos foram da equipa da casa. Com mérito,
muito. O Barcelona tem uma forma fantástica de jogar, principalmente com os
rivais da capital. Vemos tabelas, vemos futebol ao primeiro toque, vemos
pormenores de génio(s), Xavi, Iniesta, Messi… A equipa constrói o seu jogo
fazendo triângulos: o portador da bola tem de ter sempre duas linhas de passe com
qualidade, e segue assim o carrossel. Quando menos se espera, lá sai um passe
de rutura (posição ilegal, no entanto) e Pedro empata o jogo, ainda Ronaldo
pensava no seu golo.
Mourinho acaba por sair de Barcelona com um resultado
animador para a 2ª mão. Basta vencer por 1-0, o que, tendo em conta o
adversário, nunca é tarefa fácil. Mas este Real defende bem, sim. É uma equipa
disciplinada taticamente (ou não tivesse o treinador que tem), que sabe o momento
certo para pressionar, mas que ainda assim não é perfeita (nenhuma é), e comete
erros. Erros, frente ao Barcelona, transformam-se em golos. E que golo de
Xavi.
O Barcelona, embora saia com a vitória, deve estar a tentar
perceber como sofre o 2º golo. Erro clamoroso de Valdés, pouco visível no
futebol “top”, que destabilizou a equipa emocionalmente e podia ter dado origem
ao empate.
3-2, uma enorme 2ª parte, e uma 2ª mão excelente em
perspetiva. Paixão e suor, Barcelona e Real.
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