Uma dela, e a meu ver, a mais incrível, é a simplificação
que fazem do futebol, fenómeno complexo que não obedece a leis matemáticas.
Ontem, na Supertaça Espanhola, mais um exemplo desta teoria, foi ouvir adeptos
do Real Madrid dizerem que se o golo do Pedro tivesse sido anulado, o resultado
seria o 2-2. Seria? Bastava retirar um golo marcado aos 58 minutos e o restante
jogo seria igual? Não.
A complexidade do futebol reside no incrível número de
variáveis com as quais ele vive. O fator humano é a mais volátil de todas elas.
Isto porque ao falar do fator humano, falamos do físico, do psicológico. O Real
marcou o 1-0, depois do Barcelona estar em cima do jogo a primeira parte toda.
Facto, o Barcelona galvanizou-se, chegou à frente e marcou um golo. Foi um
“must” para a motivação da equipa. E o desalento para os campeões espanhóis.
Aquele lance mexeu com o jogo, é um facto e é óbvio. Mas nunca poderemos saber
o que aconteceria se o fora-de-jogo fosse assinalado. O Barcelona iria
desmoralizar? O Real iria ganhar ainda mais concentração e disciplina tática
para segurar o 1-0?
Falo do Barcelona – Real de ontem porque é somente o exemplo
mais recente. Mas há tantos, todos os dias. O campeonato português, e quando
falo de campeonato, incluo os seus adeptos, são talvez dos mais aguerridos
quando se trata de simplificar o futebol. Clássicos estão cheios de lances
polémicos, de erros de arbitragem. Erros esses que… “O Porto perdeu 2-0. Mas se
o penalty aos 10’ que não foi marcado, o tivesse sido, teria perdido por 2-1.”
ou “O Benfica perdeu, mas se o Maxi Pereira não tivesse sido expulso, tinha
ganho o jogo.”. O futebol não é assim tão simples. Não há lances iguais, não há
jogos iguais, tudo no futebol é novo a cada dia, e aí está a sua beleza. Estar
a pensar como seria “se…” é ignorar a beleza do que aconteceu e acontece no
futebol todos os dias. Para cada efeito, há uma causa. No futebol também.
Teoria da causalidade futebolística…
Sem comentários:
Enviar um comentário