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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Antevisão do Tour: Etapa 11



A etapa nº 11 da 99ª edição do Tour de France é a verdadeira etapa dos Alpes, com a inclusão de subidas históricas do Tour. De Albertville a La Toussuire - Les Sybelles, num percurso de 148 km, os ciclistas vão enfrentar duas categorias especiais, uma 1ª categoria e uma 2ª categoria e vão atingir os 2000m de altitude em 2 ocasiões, numa etapa classificada por alguns analistas como a etapa mais complicada desta edição da Grande Boucle. A última, e única, vez que uma etapa do Tour terminou na La Toussuire foi em 2006 e venceu na altura o dinamarquês Michael Rasmussen.

A etapa inicia-se em terreno plano e com apenas 148 km no dia, as tentativas de fuga irão acontecer logo ao km zero. Como aconteceu na etapa anterior, espera-se um início de corrida frenético com ataques, contra-ataques e com muitos ciclistas a movimentarem-se para ingressar na fuga certa. Mas o terreno plano é de pouca duração e logo após o km 14 os ciclistas vão iniciar o seu confronto com os Alpes.

As Montanhas


  • KM 40 – Col de la Madeleine 2000m – 25.3 km a 6.2% - Categoria Especial
  • KM 93 – Col de la Croix de Fer 2067m – 22.4 km a 6.9% - Categoria Especial
  • KM 113 – Col du Mollard 1638m – 5.7 km a 6.8% - 2ª Categoria
  • KM 148 – La Toussuire 1705m – 18 km a 6.1% - 1ª Categoria


Se se repetir a história das etapas anteriores, a fuga ainda não estará formada após os 14 km de plano, o que pode significar que a 1ª metade da Col de la Madeleine seja muito atacada e feita a um ritmo muito elevado. Se for esse o caso, é de esperar que muitos ciclistas comecem já a descolar do pelotão. A Col de la Madeleine é uma subida duríssima que, como podemos ver no gráfico, começa logo com algumas rampas bem duras no seu início. É uma subida feita por rampas e a irregularidade da inclinação ao longo da subida torna-a única.

Após a passagem pelo topo, os ciclistas enfrentam uma descida longa de quase 20 km e técnica. Após a descida temos a 2ª e última seção de plano na etapa de hoje. São 11 km que culminam no sprint intermédio ao km 70. Por os acontecimentos da etapa de ontem, podemos concluir que a luta pela camisola verde está reduzida a dois ciclistas, Peter Sagan e Matthew Goss. Os dois ciclistas podem tentar a estratégia da etapa anterior, apesar de hoje ser bem mais difícil para o conseguir. O sprint, ou não estaríamos nós nos Alpes, é feito em ligeira subida e o acesso é feito sem problemas de maior, exceto uma curva apertada à direita a 1km do sprint.

Terminado o sprint intermédio, os restantes 78 km serão feitos ou a subir ou a descer. Col de la Croix de Fer é a montanha que se segue no menu do dia. Interessante o fato da organização por o nome Col de la Croix de Fer a contagem de montanha, quando na realidade os ciclistas sobem o Col du Glandon e só nos últimos 3 kms viram-se para a estrada do Col de la Croix de Fer. Pormenores à parte, esta é uma subida muito longa e dura que começa com vários kms a direito a 7%, mas após o miolo da subida torna-se mais irregular, mais estreita e com curvas “gancho” perto do topo. A descida é muito similar, com curvas e contracurvas perto do top e estradas mais a direito perto da base.

Após a decida de sensivelmente 14 km, os ciclistas entram em nova subida, uma 2ª categoria o Col du Mollard. Apesar de no papel mostrar-se como a subida mais fácil de todas, não será por isso que irá representar um papel menor na etapa de hoje. Pelo contrário, o Col du Mollard poderá tornar-se numa tábua de lançamento para alguns grandes nomes dentro dos favoritos. Os últimos 2 km são duros e a descida que se segue é porventura a mais complicada do dia. São 16 km muito técnicos, manhosa e feita em estradas de menor qualidade. Um bom especialista em descida pode causar muitos estragos nesta descida, principalmente por levá-lo imediatamente ao final da etapa, a subida de La Toussuire.

O Final


O final da etapa de hoje coincide com a subida de la Toussuire, uma 1ª categoria. É uma subida com um grau de inclinação relativamente regular e feita na sua maioria em estradas largas e com poucas oscilações sérias de inclinação. Começa com rampas duras nos primeiros 3 km, suaviza para uns 6,5% nos próximos 7 km e após um km de plano sobe outra vez para valores acima de 7%. Os últimos 3 km são relativamente mais fáceis a 4,5% de inclinação média, com uma curva “gancho” a um km da meta e uma curva apertada a 200m.

Os Favoritos


Segundo fontes no local, Chris Anker Sorensen está ansioso pela etapa de hoje. Além dos muitos pontos disponíveis hoje para quem quer lutar pela classificação da montanha, existe outro razão para o dinamarquês ter marcado a etapa de hoje no calendário. Sorensen venceu uma etapa que terminou na La Toussuire no Dauphiné de 2008 e fez 6º numa etapa similar no Dauphiné de 2011. Claramente o homem da Saxo Bank gosta destas montanhas e ele fará tudo para fazer parte da fuga.

Como já foi mencionado, hoje é um dia importante para a classificação da montanha e quem quer lutar pela camisola das bolinhas tem que marcar presença. Como líder da classificação, Thomas Voeckler necessita de fazer parte da fuga do dia, apesar de a tarefa não ser fácil após a etapa dura anterior, da qual saiu vencedor. Johnny Hoogerland tentará também fazer parte da fuga, apesar do holandês não estar a passar por um bom momento. Veremos se David Moncoutie está a pensar na montanha ou se o seu papel é apenas proteger o seu líder Rein Taaramae.

Equipas como a Rabobank e a Euskaltel continuaram a meter homens em fuga e hoje poderá ser o dia de Laurens Tem Dam. Peter Velits e David Millar também poderão ser nomes a entrar nas tentativas de fuga.

Entre os favoritos à classificação geral, os seus nomes já são conhecidos. Espero contudo, que haja alterações por parte da tática dos grandes nomes. Deixar os ataques para a ultima subida do dia, e normalmente para os últimos km da subida, não me parece que seja eficaz e aconselhável para ciclistas que necessitam de recuperar 4/5 minutos ao camisola amarela.

Seria interessante de ver se a muito discutida aliança entre Cadel Evans e Vincenzo Nibali concretiza-se na realidade e hoje é uma excelente etapa para por essa aliança em andamento. Já se viu que os ataques de Nibali na descida fazem diferenças significativas em relação à equipa da Sky, mas sozinho o ciclista italiano não se aguenta na subida final. Um ataque em conjunto com Evans, e possivelmente Jurgen Van Den Broeck, na subida da Col du Mollard, seguido de um alargar de vantagem na descida longa e complicada até à base da La Toussuire e depois um trabalho entre os três na subida final de modo a manter ou alargar a vantagem para o grupo do camisola amarela, parece-me a mim uma estratégia forte para derrubar a armada da Sky. Esperemos para ver se põe esta estratégia em prática.

As probabilidades de uma fuga resultar são menores quando comparadas com as da etapa anterior e por isso haverá ciclistas com a intenção da vitória na etapa a desferir o seu ataque na subida final. Com a acrescentada motivação da vitória do seu companheiro na etapa de ontem, Pierre Rolland certamente irá atacar o grupo dos favoritos. Alejandro Valverde mostrou ontem o retorno da sua boa forma e poderá hoje ter uma palavra a dizer. Espera-se também que Frank Schleck mostre-se finalmente neste Tour e o jovem Thibaut Pinot não irá recusar-se a atacar se as forças estiveram lá, ele que fez 2º na etapa do Dauphiné 2011 com a mesma chegada.


A transmissão televisiva começa por volta das 12:00, podendo acompanhar a etapa na Eurosport por volta da mesma hora, com o final da etapa previsto por volta das 16:30. A etapa será transmitida na íntegra pela Eurosport e sendo uma das etapas mais importantes e espetaculares desta edição do Tour de France, aconselho vivamente a seguirem a transmissão por completo.

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